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Poder Judiciário de Mato Grosso
Notícias
21.08.2019 10:38
Registro Civil: lavrador de 66 anos conquista cidadania durante Araguaia CidadãoNascido no dia 5 de fevereiro de 1953, no sítio Cana Brava, ele conta que veio para Mato Grosso “ainda menino” e que sempre morou na zona rural de Pontal do Araguaia (525km a leste de Cuiabá). Em toda sua ingenuidade, seu Isaias acredita que o ‘RG nunca fez falta’. Não frequentou a escola, mas garante que “se tivesse estudado, hoje era juiz”. “Trabalhei a vida toda na roça, desde nove anos puxando enxada. Não gosto de vir pra cidade, mas preciso de documento para aposentar. ‘Tô’ ficando velho, velho demais”, revelou o lavrador, ao dizer que hoje o trabalho é mais leve que no passado e que passa o dia cuidando das galinhas e dos porcos. “Hoje a vida ‘tá’ mais tranquila. Gosto de ficar em casa, mas com tudo limpinho e asseado”, enfatizou.
Sem saber ler nem escrever, Isaias também nunca se casou, nem teve filhos. Seu anjo da guarda na busca pela documentação pessoal foi a empresária Andréia Campos, que o acolhe na fazenda da família. Ela entrou em contato com o cartório na cidade de Bananeiras, onde a certidão de nascimento dele foi posteriormente encontrada. Depois de mais de um ano, o documento original finalmente chegou às mãos da empresária, que mandou buscar o lavrador de mototáxi na fazenda – a cerca de 25km da cidade – para participação do mutirão.
Sobre o passado difícil, seu Isaias revela que quando criança chegou a trabalhar de forma análoga à escravidão. “Quando era menino, perdi foi um ano de serviço. Trabalhei e não recebia nada. E só recebia mixaria. Aquela época só tomava prejuízo. Eu que sei a minha vida e o que eu passei. Hoje a vida é muito melhor, a vida melhorou muito”, contou. Hoje ele diz que usa o dinheiro que ganha para cuidar da fazenda para roupas e remédios. “Tomo muito remédio de pressão”, disse seu Isaias. Ao sair da sala onde tirou foto e cadastrou as digitais, ele estava todo feliz. Daqui a 30 dias finalmente poderá buscar sua primeira identidade.
Indígenas – Além do lavrador, muitas outras pessoas buscaram os serviços da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) em busca de documentos pessoais. Foi o caso de quatro indígenas da etnia Xavante, que vieram ao mutirão realizado na Escola Municipal São Jorge para a segunda via do RG.
Amâncio A’uwenei’õ Tsibdadzé (14 anos), Franciane Reni’uma (14 anos), Nivalina Eliane Pewa Wahoireme Rairate (16 anos) e Nete Renhere Wari’Ubdi (16 anos) aproveitaram a gratuidade dos serviços para renovar a identidade. Apenas Nivalina não teve sucesso, porque deixou a certidão de nascimento na aldeia onde mora (Sangradouro), no município de General Carneiro.
O grupo estava acompanhado da matriarca da família – avó de três e mãe de uma das adolescentes – a indígena Ana Redzadza Wariubdi. Ela aprovou os serviços da expedição Araguaia Cidadão. “A equipe está atendendo bem a gente. Aproveitamos a oportunidade porque é difícil ir em outro lugar. Lá a gente paga”, lembrou.
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Lígia Saito (texto e fotos)
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