![](/Content/Images/Portal2013/brasao-tribunal.jpg)
Poder Judiciário de Mato Grosso
Notícias
13.04.2016 18:00
Justiça Restaurativa melhora clima entre menoresA família dela não mora em Cuiabá e, por conta disso, desde que foi detida ela nunca recebeu visitas. O sentimento de abandono permeava a mente dela até o dia em que participou de uma atividade chamada Círculos de Justiça Restaurativa e de Construção de Paz, na qual ela começou a aprender um pouco mais sobre como manter o respeito na convivência em sociedade e em família, e também como apaziguar relações conflituosas.
Como resultado, ela resolveu que quer rever a mãe, que há tempos não vê, e reatar os laços familiares com ela. “Quero falar tudo o que estou sentindo. E eu sinto muita saudade de casa, de minha mãe, da minha irmã e do meu sobrinho. Quero principalmente me reconciliar com a minha mãe e restabelecer os laços familiares, porque ela sempre foi tudo, minha mãe e meu pai”, destaca Maria. Ela avalia ainda que o programa a ajuda a manter a paciência diante das dificuldades e a aliviar a carga pesada que carrega no dia a dia.
As atividades começam com a construção de regras que conduzirão todo o trabalho. Cada uma das meninas tem a chance de estabelecer as suas normas. Dentre elas foram estabelecidas regras de confiança, paz, sinceridade, consideração pela fala da outra, respeito mútuo, carinho e esperança. Elas também tiveram a oportunidade discutir sobre valores, começando com a palavra respeito.
Ela explica ainda que as reuniões representam a segunda etapa do trabalho do Círculo de Justiça Restaurativa. O primeiro, chamado pré-círculo, foi realizado na sede Segunda Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, quando os pais participaram também. Naquela fase foi proposta resolução de problemas aos envolvidos.
Joana*, que também tem 15 anos e está internada há seis meses no Lar, aprovou as atividades. Ela disse que de vez em quanto tem alguns problemas com as colegas, não porque ela é ameaçada, mas porque ela fica irritada e chega a fazer ameaças. “Eu já ameacei e também já bati em uma menina durante um momento que estava nervosa. Este trabalho é bom para nos fazer ouvir realidades de forma boa. Também recebemos conselhos e isso é muito bom, porque torna mais fácil conviver com a outra e não partir para a agressão”.
A adolescente destaca ainda que a mudança vem do “querer” delas mesmas e não do “querer” dos outros. “Antes do projeto eu não queria mudança e cheguei a falar para a juíza que ficar aqui no Lar não iria me fazer mudar. Agora eu penso diferente, eu quero a minha mudança”.
O magistrado destacou ainda que práticas restaurativas como esta começaram a ser aplicadas no Centro Socioeducativo Pomeri, onde ficam internados os meninos em conflito com a lei. “Tivemos boas experiências no sentido de sanar problemas de relacionamento entre os internos e melhoria no clima organizacional. Por isso, achamos por bem fazer no lar feminino também. Os círculos melhoram não só a convivência dentro do sistema educativo, mas também já prepara as meninas para o retorno à sociedade. A saída passa necessariamente pela convivência respeitosa para vir ao meio aberto”, conclui o juiz.
Contexto – A prática da Justiça Restaurativa tem se expandido pelo país, mas apesar de estar sendo colocada em prática há 11 anos, ainda ocorre em caráter experimental. Ela é incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio do Protocolo de Cooperação para a difusão da Justiça Restaurativa, firmado coma a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).
Leia mais sobre o assunto no link abaixo.
Keila Maressa/ Fotos: Otmar de Oliveira (F5)
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
(65) 3617-3393/3394/3409