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Poder Judiciário de Mato Grosso

 
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19.11.2015 17:19

Justiça Comunitária: transformando vidas
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O sol brilha no horizonte e a fila com centenas de pessoas já está formada na frente da Escola Leônidas de Matos, no município de Santo Antonio de Leverger (34 km de Cuiabá), onde as pessoas esperam pelos diversos serviços ofertados pelo Programa Justiça Comunitária, desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso e parceiros. Em meio a tanta gente está a pequena Isis Vitória Reis, de oito anos, aguardando a sua vez de ser atendida.
 
A estudante não veio em busca de nenhum serviço de saúde ou benefício social, ela entrou na fila para cortar os cabelos. Por trás desse gesto, que a princípio poderia ser visto como algo corriqueiro, está uma linda história de amor ao próximo.
 
Desde os três anos de idade Isis não cortava os cabelos, só as pontinhas eram aparadas, porque a pequena nunca gostou de perder nenhum centímetro dos lindos fios dourados. Aos oito anos o cabelo de Isis já chegava à cintura quando ela tomou uma decisão: cortar o cabelo para doar ao Hospital do Câncer.
 
A mãe da menina, Deise Lucia de Souza, diz que o desejo de cortar os cabelos surgiu depois que ela começou a escutar as histórias do Hospital do Câncer. “Eu trabalho na CDL de Várzea Grande, que aderiu à campanha do Mc Dia Feliz e todos nós participamos. Eu então comecei a contar para ela como é o trabalho do hospital, qual o tipo de tratamento que as pessoas fazem, como é difícil, que o cabelo cai e que muitos precisam de cabelo, para fazer peruca. Ela ficou sensibilizada e me disse que iria cortar os cabelos para doar”.
 
Assim que soube que o mutirão seria realizado na comunidade, Isis disse que iria aproveitar a oportunidade para fazer o corte e doar. “Ela é decidida. Não voltou atrás, não ficou triste e disse que vai deixar o cabelo crescer para doar outra vez para quem precisa”.
 
Mais de 30 centímetros de cabelos dourados foram cortados. Mãe e filha vão pessoalmente ao hospital fazer a doação. “Eu vou levar ela junto, para ver de perto o trabalho feito lá. Acho importante ela conhecer para saber que o gesto dela vai ajudar alguém”.
 
O mutirão fez a diferença também na vida do estudante Renan Antônio Silva, sete anos. A tia do garoto, Miriam da Silva, levou o sobrinho para fazer uma consulta com o oftalmologista e acabou descobrindo que ele tem problemas sérios de visão.
 
“A professora falava que ele tinha muitas dificuldades para enxergar, mas as coisas aqui são muito difíceis, então a gente nunca teve condições de levar ele no médico para ver o que era. Felizmente teve esse mutirão aqui e ele pôde ser atendido”.
 
Todo o tratamento será feito no Hospital de Olhos, que primeiramente fará uma angiografia ocular para verificar qual é o real problema e quais os procedimentos que serão adotados.
 
O aposentado Severino Schoynashy, 72 anos, que também reclamava da baixa visão, foi atendido pela equipe médica do mutirão. O diagnóstico clínico aponta para catarata e um pequeno tumor em um dos olhos. Ele será submetido a todos os exames necessários para apontar qual o tratamento que será realizado. Tudo será feito nos Hospital de Olhos. Os dois casos serão regulados pelo Sistema Único de Saúde, que já está fazendo o encaminhamento. Assim, as famílias não terão nenhum tipo de custo.
 
Além de casos de atendimentos na área de saúde e de exemplos de solidariedade, como o caso da pequena Isis Vitória, o Mutirão da Justiça Comunitária é também um meio que as pessoas têm de resgatar a sua cidadania.
 
“Toda a minha família foi no mutirão, cada um por um motivo, e todos foram atendidos. Eu, por exemplo, sempre sonhei em ter o nome do meu pai no meu registro de nascimento e nunca consegui. Eu não sabia nem que rumo seguir para fazer isso. No mutirão eu realizei meu sonho. Foi uma felicidade que não consigo nem descrever. Fomos muito bem atendidos. Uma benção de Deus essas pessoas terem vindo aqui”, afirma a dona de casa Miriam da Silva.
 
“São casos que realmente nos emocionam. É muito gratificante saber que o trabalho ofertado por parceiros durante o mutirão ajuda a mudar a vida de muita gente. Dá a elas dignidade, resgate da cidadania e direito à saúde. Isso só nos motiva a continuar, a seguir em frente, ampliando o número de comarcas e o número de parceiros”, destaca o coordenador do Programa Justiça Comunitária, juiz José Antonio Bezerra Filho.
 
Para a psicóloga do programa, Sônia Bernardino, que acompanha os casos de perto, os serviços ofertados pela Justiça Comunitária nos mutirões são fundamentais para detectar casos assim. “Essas pessoas são de baixa renda, moram em locais muitas vezes de difícil acesso e aonde os serviços públicos não chegam. Elas não têm a quem recorrer, daí a importância de levarmos esse tipo de atendimento a elas”.
 
Expansão – Em razão do grande alcance social da Justiça Comunitária, o programa está sendo expandido para mais comarcas do interior do Estado. No dia 6 de novembro foi a vez da Comarca de Sorriso (420 km de Cuiabá) receber o projeto. Depois será a Comarca de Barra do Garças (509 km a Leste), onde o programa passará a funcionar a partir do dia 23 de novembro. Na sequência, o programa será instalado na Comarca de Jaciara (144 km ao Sul de Cuiabá), no dia 30 de novembro.
  
“Como o programa é estadual nós estamos trabalhando com a expansão da Justiça Comunitária no interior do Estado. Para que isso aconteça é necessário que o magistrado tenha o perfil para desenvolver esse tipo de trabalho. Nestas três unidades, além dos juízes terem o perfil, eles já têm uma série de atividades voltadas para o social, que eu pude verificar in loco”, explica o coordenador.
  
O magistrado ressalta que os bons resultados alcançados pelo projeto têm sido animadores e fomentado a expansão da Justiça Comunitária para outras comarcas. Outro ponto importante é que o projeto alcançará os municípios vizinhos às comarcas.
  
Os mutirões da Justiça Comunitária têm o objetivo de levar cidadania à população por meio de orientações jurídicas e serviços de saúde e educação, como atendimento odontológico e jurídico, emissão de cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), vacinação, entre outros.
  
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Janã Pinheiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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