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 24/03/2025   16:28   

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Compreensão do TEA nas áreas médica e da educação é abordada em TJMT Inclusão, em Sinop

Como identificar os primeiros sinais do autismo? Quais são os desafios enfrentados por quem vive no espectro? E de que forma a ciência tem avançado para garantir mais dignidade às pessoas com TEA? Essas foram algumas das perguntas norteadoras da mesa “Compreendendo o Transtorno do Espectro Autista”, que reuniu o médico psiquiatra Bruno Trevisan, a neuropsicóloga Isabella Trombetta e a psicomotricista Alyne Gracioli. Tais abordagens foram trazidas como parte da programação do “TJMT Inclusivo: Capacitação e Conscientização em Autismo”, promovido pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, nesta segunda-feira (24 de março), em Sinop (500 km de Cuiabá).

Durante o debate, os profissionais compartilharam experiências clínicas e abordaram desde os critérios diagnósticos até o impacto das terapias integradas na qualidade de vida das pessoas com autismo. Destacaram, ainda, a importância da atuação conjunta entre saúde, educação e assistência social, para garantir atendimentos mais completos e humanizados. O público pôde tirar dúvidas e conhecer caminhos para superar as barreiras enfrentadas no dia a dia por pessoas autistas e suas famílias.

Também na programação da manhã, o psiquiatra infantil e adulto, Bruno Trevisan, destacou os critérios diagnósticos do TEA segundo o DSM-V, os impactos sociais do transtorno e a importância de um tratamento precoce e individualizado. Ao abordar a neurodiversidade e os desafios enfrentados pelas famílias, o especialista reforçou a necessidade de ações conjuntas entre profissionais da saúde, escola e comunidade para garantir uma melhor qualidade de vida às pessoas com autismo. “É preciso ter sensibilidade e é um trabalho elaborado por uma equipe multidisciplinar porque o diagnóstico é complexo. A única coisa que não pode é não tratar”, apontou.

Complementando as discussões, a psicóloga Isabella Cucci da Paixão Trombetta apresentou as vantagens da intervenção precoce, com destaque para o Modelo Denver (ESDM), uma abordagem baseada nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA). A profissional explicou que quanto mais cedo se inicia o tratamento — com estratégias estruturadas e individualizadas — maiores são as chances de progresso em áreas como comunicação, autonomia, socialização e comportamento. Isabella ressaltou ainda que a aplicação contínua das intervenções, em diferentes ambientes e com envolvimento da família, é fundamental para garantir a eficácia do tratamento. “Falar sobre autismo com o apoio do Judiciário amplia a compreensão da sociedade e fortalece a luta por intervenções mais rápidas e eficazes”, destacou.

Encerrando essa rodada de palestras, a pedagoga Alyne Gracioli trouxe uma importante reflexão sobre a inclusão escolar. Com ampla experiência em educação inclusiva, Alyne abordou conceitos como igualdade, equidade e adaptação curricular, além de detalhar o Plano de Ensino Individualizado (PEI) como ferramenta indispensável no processo de aprendizagem de alunos com TEA. A especialista destacou que o papel do professor é central na inclusão, mas que o sucesso do processo depende de uma rede colaborativa entre escola, família e terapias complementares. “A inclusão só acontece de verdade quando há compreensão e estratégias práticas dentro da sala de aula — e o papel do Judiciário é essencial para garantir que esses direitos sejam respeitados”, disse Alyne.

A mesa também reforçou que o diagnóstico do TEA deve ser entendido como um ponto de partida para um plano de cuidado individualizado, não como um rótulo limitador. Os palestrantes destacaram a necessidade de políticas públicas integradas, que garantam o acompanhamento contínuo e o apoio às famílias, fator determinante para a inclusão plena e efetiva.

TEA no ambiente escolar - O ambiente escolar é um dos principais pontos de contato entre crianças com autismo e o mundo ao seu redor. Mas como garantir que esse espaço seja, de fato, inclusivo? Essa foi a provocação central da atividade “Autismo em cena: Análise comportamental das crianças autistas em sala de aula”, conduzida pela mestre em Educação Andresa Damaceno e pelas psicólogas Eloísa Lima e Luciana Mota. “É um processo que exige reforços positivos para transpor barreiras e desenvolver habilidades. As atividades devem ser funcionais”, apontou Andresa.

As especialistas abordaram o comportamento infantil no contexto educacional, demonstrando como o olhar atento do professor e o suporte adequado da equipe pedagógica podem transformar a trajetória de um aluno com TEA. Estratégias práticas, como a adaptação de rotinas e o fortalecimento do vínculo afetivo, foram compartilhadas com o público, reforçando que inclusão exige ação e preparo. “É uma deficiência invisível. E são vários desafios para assegurar dignidade às pessoas com autismo. Tudo para potencializar ganhos”, apontou Luciana.

AMA Sinop – Também durante a programação da manhã, foi apresentada a atuação da Associação das Mães de Autistas (AMA) de Sinop, sob a presidência de Josilene Moraes. A entidade, sem fins lucrativos, fundada em 2019, atua na defesa dos direitos das pessoas com TEA e hoje atende mais de 70 crianças carentes com terapias interdisciplinares, promovendo inclusão social e fortalecendo os vínculos familiares.

Durante a apresentação, a equipe compartilhou a missão da AMA, que vai desde a luta por direitos até o apoio direto às famílias que não têm acesso a tratamentos adequados. Também foram destacadas as ações desenvolvidas pela associação, como a Caminhada de Conscientização, atividades do Dia das Crianças e eventos especiais como as Paraolimpíadas. A palestra reforçou a importância da empatia, do engajamento social e da necessidade urgente de apoio financeiro para ampliar os atendimentos, já que a entidade mantém uma fila de espera com cerca de 300 crianças e conta com recursos limitados para sustentar sua estrutura e equipe técnica. “Somos muito gratos pelo Tribunal de Justiça abordar esse tema tão importante. Quanto mais informação à sociedade, mais conseguimos gerar a inclusão”, evidenciou Josilene, lembrando que no próximo dia 02 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Essa troca de saberes integra a proposta do TJMT Inclusivo, evento promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, por meio da Comissão de Acessibilidade e Inclusão, sob presidência da desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, em parceria com a Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT) e Escola dos Servidores do Poder Judiciário de Mato Grosso. Em Sinop, o evento reuniu cerca de 1,1 mil pessoas no evento híbrido, realizado no campus do auditório da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

Compreensão do tema - Participantes relataram o impacto positivo da iniciativa em suas rotinas profissionais, reforçando a necessidade de mais espaços como esse para promover inclusão e acolhimento nas instituições.

“A proposta do evento está muito bacana, porque trouxe uma abordagem acessível sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), voltada não apenas para especialistas, mas para todos os profissionais da rede de educação e saúde”, avaliou a psicóloga Maria Helena Figueira, da equipe psicossocial do Centro Municipal de Educação Especial Inclusiva (CMEIS). Atuando nas escolas municipais, ela destacou a importância de exemplos práticos e explicações claras sobre o TEA. “As falas foram extremamente explicativas, muito coerentes. Estou vendo professores aprendendo como atuar, entendendo o porquê das abordagens. E isso é fundamental para fortalecer a rede e superar as deficiências que ainda enfrentamos, principalmente na articulação com o sistema de saúde”, completou.

A professora Adriana da Silva Brito, que atua na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), também elogiou o evento por sua contribuição à formação continuada dos educadores. “Me formei em 2004 e não me lembro de ter recebido qualquer preparo sobre esse tema. E hoje, com as salas cada vez mais desafiadoras, essa formação precisa melhorar”, alertou.

Programação – No período da tarde, a programação inclui temas relevantes como o debate sobre “Inclusão Social e Neurodiversidade”, conduzido pela doutora em Neurociências Anita Brito, além do painel “Lugar de autista é onde ele quiser estar”, apresentado por Nicolas Brito Sales — ativista autista, escritor e fotógrafo. Outro destaque é a roda de conversa “O uso da tecnologia assistiva em crianças com Transtorno do Espectro Autista”, que contará com a participação da juíza da Comarca de Sinop, Melissa de Lima Araújo, juntamente com especialistas das áreas de psicopedagogia, fonoaudiologia e representantes da Defensoria Pública. 

O encontro vai abordar aspectos ligados à inclusão no ambiente escolar, às ferramentas tecnológicas de apoio, ao atendimento jurídico e ao papel do sistema de Justiça no acolhimento das pessoas com TEA.

Confira a programação do evento na cidade de Sinop

Acesse a transmissão do evento.

Leia a programação em Sorriso

Essa iniciativa integra um conjunto de ações do TJMT em conformidade com a Resolução 401/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estabelece diretrizes de acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência no Judiciário.

Após a etapa em Sinop, o projeto TJMT Inclusivo segue para o município de Sorriso, localizado a 397 km de Cuiabá, nesta terça-feira (25 de março), e finaliza o circuito com uma programação especial na Capital, no dia 4 de abril, em parceria com a Prefeitura de Cuiabá.

Acesse todas as fotos no Flickr do TJMT

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Tribunal de Justiça de Mato Grosso amplia ações de inclusão com evento sobre autismo em Sinop

Talita Ormond / Foto: Alair Ribeiro

Coordenadoria de Comunicação do TJMT

imprensa@tjmt.jus.br

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