Centro Judiciário do Superendividamento realiza círculo de paz com pessoas endividadas
O Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (Cejusc) do Superendividamento de Cuiabá realizou nesta
semana, nos dias 17 e 19 de fevereiro, dois Círculos de Construção de Paz com 15
pessoas assistidas pela unidade.
O foco dos encontros foi trabalhar a autoestima das pessoas superendividadas e também o tema da organização financeira, fundamental para que elas consigam sair da situação de superendividamento.
Foi explicado o conceito do Círculo de Construção de Paz, como uma ferramenta da Justiça Restaurativa que constrói bons relacionamentos, estimula o diálogo e traz um convite para a reflexão.
A partir do objeto da palavra, representado por uma pelúcia, todos têm a oportunidade de falar, enquanto os outros têm o poder da escuta com o coração.
“Hoje em dia é mais fácil falar do outro do que de si, no círculo nós trazemos isso de falar de si”, explica a facilitadora e gestora do Cejusc, Ildenês Rocio.
Inicialmente, é feita uma apresentação entre os participantes, depois são trabalhados valores do convívio social, na busca do melhor eu. Cada um fala do valor que mais aprecia e o que está fazendo para colaborar com esse valor.
Gratidão, empatia, humildade, fé e senso de justiça foram alguns dos valores destacados pelos participantes no encontro desta quarta-feira.
Depois, são feitos combinados, como sigilo, respeito, falar sempre de si mesmo e evitar julgamentos.
“Gostei muito da iniciativa. Pela experiência da primeira reunião, parece que vamos poder colher bons frutos. Todas as profissionais do Cejusc foram muito atenciosas e sensíveis às nossas experiências e expectativas, compartilhando também as delas. Me senti bem à vontade e só tenho a agradecer pela oportunidade”, afirma Rose Andrade, que participou do círculo no dia 17 de fevereiro.
A juíza coordenadora da unidade, Hanae
Yamamura de Oliveira, explica que os Círculos de Paz no Cejusc do
Superendividamento desempenham um papel fundamental na humanização do
tratamento dos indivíduos, promovendo um ambiente de diálogo, compreensão e
busca de soluções coletivas. Esses círculos, baseados na metodologia da Justiça
Restaurativa, criam um espaço seguro para que os superendividados possam
expressar suas dificuldades, compartilhar experiências e, sobretudo,
reconstruir sua relação com o consumo e o crédito.
“Diferente de uma abordagem puramente técnica e jurídica, os Círculos de Paz possibilitam que as pessoas endividadas percebam não apenas os aspectos financeiros do seu problema, mas também as causas emocionais, psicológicas e sociais que levaram ao superendividamento. Além disso, favorecemos a construção de acordos mais sustentáveis entre credores e devedores, garantindo soluções mais justas e viáveis, que respeitem a dignidade e os direitos fundamentais das partes envolvidas”, ressalta.
Ao promover a corresponsabilidade e a educação financeira, ainda segundo a magistrada, esses círculos ajudam na prevenção de novas situações de individualização excessiva, estimulando a autonomia e o empoderamento dos participantes. “Assim, os Círculos de Paz no Cejusc do Superendividamento não apenas resolvem conflitos, mas também transformam vidas, fortalecendo a cidadania e promovendo a inclusão financeira de forma ética e sustentável”, completa.
Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa
O Núcleo Gestor da Justiça
Restaurativa (NugJur) tem como objetivo principal auxiliar os envolvidos em
algum conflito, por meio de técnicas apropriadas, a encontrarem a solução mais
adequada ao problema. O Círculo de Paz é uma dessas alterantivas.
A presidente do NugJur,
desembargadora Clarice Claudino da Silva, afirma que os círculos representam
uma ferramenta poderosa para resgatar a dignidade e a esperança das pessoas
superendividadas.
“Mais do que discutir questões
financeiras, esses encontros possibilitam um olhar profundo sobre as causas que
levaram ao endividamento, promovendo um ambiente de acolhimento, empatia e
autoconhecimento. Ao dar voz a cada participante e estimular a escuta ativa, o
círculo permite que as pessoas enxerguem suas dificuldades sob uma nova
perspectiva, fortalecendo sua autoestima e sua capacidade de transformação.
Além disso, essa abordagem humanizada contribui para que os acordos sejam construídos de forma mais consciente, respeitando a realidade de cada indivíduo. Ao unir Justiça Restaurativa e educação financeira, estamos dando um passo importante para promover inclusão social, cidadania e o verdadeiro acesso à justiça, garantindo que aqueles que enfrentam o superendividamento possam reconstruir suas vidas com mais equilíbrio e dignidade.”
Mylena Petrucelli / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
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