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Poder Judiciário de Mato Grosso
Notícias
09.03.2021 17:26
“Eu não quis enxergar a pessoa que ele era”, diz jovem vítima de estrangulamento com fio de celular![](https://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/downloads/Imprensa/NoticiaImprensa/image/02%20-%20Selo%20campanha%20violencia%20dom%C3%A9stica_%20escuro.jpeg)
Foi apenas seis meses depois de reatarem, quando ainda morava na casa dos pais, que Marcela sofreu a primeira agressão. Ricardo chegou bêbado, eles discutiram e ele a agrediu com chutes e empurrões. Além disso, destruiu uma televisão, chegando a jogá-la no meio da rua, e o aparelho celular dela, um presente dado por dele, arremessado brutalmente contra a parede. “Registrei um boletim, ficamos separados oito meses. Reatamos com ele prometendo que isso jamais iria acontecer novamente. Nos casamos, tivemos um filho e achei que as coisas realmente fossem mudar. Mas só piorou. Ele continuou uma pessoa agressiva. Ele não mudou, só piorou”, conta Marcela.
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Enquanto era agredida, Marcela optou por não gritar por socorro aos vizinhos, pois o filho estava dormindo no quarto e ela temia pela vida dele também. “Veio para cima de mim, me empurrou, enforcou. Deu muito chute, eu fique bastante roxa, e tudo o que eu queria era minha mãe ali”, conta a jovem.
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Cuidando do filho pequeno com a ajuda da mãe, Marcela lamenta não ter percebido os sinais de que o relacionamento não daria certo no início do namoro. “As pessoas me falavam ‘você viu quantos sinais você teve? Esse relacionamento foi de muitas idas e vindas. Você não quis enxergar a pessoa que ele era’. Eu não quis enxergar. Era o gênio dele, de brigar, de gritar, de ser agressivo. E às vezes a gente acha que a pessoa vai mudar e não muda. Com o tempo, ele passa a achar que você é propriedade dele. Então, quando sofrer uma agressão, denuncie. Não fique com medo. Não tenha medo.”
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Apesar do sofrimento vivenciado ao longo dos últimos meses, dona Helena diz que confia no trabalho do Poder Judiciário. “Ninguém desemparou nós (sic). Ninguém, porque estão fazendo o serviço bem-feito. Tanto que com o dinheiro que o pai dele falou que ia tirar ele [do presídio], ele ficou lá e não saiu.”
Segundo ela, no processo estão as provas de toda maldade cometida por Ricardo. “Eu fico muito sentida porque não quero que aconteça isso com outras mulheres. Com outras mães. Não quero chorar a morte da minha filha, nem que ela chore a minha morte. Não quero ficar sem meu neto. Eu confio no serviço da Justiça, eles estão com a gente, não nos abandonaram. O processo não ficou parado, não está engavetado. Mesmo com a pandemia a Justiça está trabalhando. Trabalhou em cima do processo, nas investigações. O Poder Judiciário fez o papel dele.”
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Segundo a profissional, a violência psicológica é uma das mais frequentes e que, muitas vezes, mais machuca a vítima. “Ela marca mais por dentro a pessoa. Porque é aquela pressão que faz você se sentir diminuída, se sentir menor, faz você achar que nunca mais poderá ser amada por ninguém. É muito grave. O homem que abusa, às vezes, chega a nunca agredir fisicamente. Ele começa a te colocar pra baixo, falar que você é feia, que não merece essa conquista. O que ele tem sempre é muito melhor. Ele começa a te afastar dos amigos, da família. Tem que prestar atenção nesses sinais”, salienta.
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Romper o ciclo – Após os episódios de violência, muitos agressores se mostram arrependidos e pedem uma segunda chance. O casal reata, como no caso de Marcela, e a situação torna-se um eterno ciclo de violência e perdão. “Ele te dá um tapa, mas depois chega com um buquê de flores. Ele te agride, mas depois chega com um anel ou um ‘eu te amo’. É um ciclo. Justamente por ser um ciclo, é mais difícil sair. A mulher acredita que vai conseguir mudar esse homem. E o próprio homem abusivo tem esse dom da manipulação. Ele manipula de uma maneira que a vítima não percebe”, constata a psicóloga.
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*nomes fictícios para preservar a identidade das vítimas.
Clique AQUI e veja como solicitar uma medida protetiva.
Veja AQUI o vídeo A Violência Sentida na Pele.
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Lígia Saito
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
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