Psicóloga palestra sobre autismo para quase 2 mil cuidadores de alunos deficientes
“Precisamos
partir do princípio de que todo aluno, independentemente de suas limitações e
dificuldades, é capaz de aprender e se desenvolver, quando recebe o suporte
adequado, ou seja, acreditar no potencial do estudante antes mesmo que ele
apresente habilidades. Somente com isso será possível tornar acessível o
ambiente de aprendizagem”.
Foi
com essa mensagem levada a uma plateia de quase 2 mil pessoas, sendo a grande maioria Cuidadores de Alunos com
Deficiência (CADs) da rede pública de ensino de Cuiabá, que a psicóloga e
psicoterapeuta de pessoas com autismo e outros transtornos do
neurodesenvolvimento, Jaqueline Adriana de França, incentivou a todos os
profissionais da educação a fazerem aquilo que as mães atípicas já fazem: acreditar
no potencial de suas crianças e se desdobrar para que tenham a oportunidade de
desenvolvê-lo.
De
acordo com a palestrante, o ambiente de aprendizagem de uma criança com TEA precisa
ter acomodações sensoriais adequadas, adaptação de material, entre outras
flexibilizações. “Existem vários materiais que podem ser utilizados para tornar
acessível e é importante ter em mente o que é o mais importante: é a criança
ficar sentada ou ela, nem que em pé, conseguir fazer a tarefa?”, indagou
Jaqueline de França.
Essas
adaptações são necessárias, conforme a profissional, porque o processamento do
cérebro de pessoas neurodiversas ocorre de maneira diferenciada. O cérebro das
pessoas autistas tem sinapses mais rápidas, gerando gasto de energia maior em
determinados pontos do cérebro. “Só que ao mesmo tempo em que o cérebro está
gastando energia em uma área especifica, outra área vai ficar aquém, com menor
gasto de energia, sinapses mais lentas, o processamento de informação é mais
lento”, explicou.
Em
sua palestra, Jaqueline de França explicou sobre os níveis de autismo, suas
características, os extremos de comportamentos humanos que podem ser
apresentados por pessoas autistas e em que casos intervir, uma vez que a
criança pode se autorregular ou precisar de corregulação. “Vocês, CADs, são o
porto seguro das nossas crianças. Vocês serão aquele cérebro que vai poder
regular aquela criança. Então, a gente também precisa cuidar de vocês, assim
como as famílias também precisam estar bem para que possam, de fato, ser porto
seguro de outra pessoa”, disse.
Segundo
França, pessoas neurodiversas exigem mais dos educadores pois desafiam a
educação tradicional. “Nós viemos de uma cultura que se a pessoa apresenta comportamentos
e habilidades que fogem do padrão neurotípico, não se pensa mais espaços pra
ela. Essa pessoa acaba ficando excluída. Hoje já temos essas pessoas
integradas, porém, ainda precisamos caminhar muito para tornar esses espaços
acessíveis”.
A
palestrante ressaltou ainda que é preciso mudar crenças limitantes em relação à
educação das crianças autistas. “Se vamos começar com o processo de inclusão, a
técnica e a estratégia não vão chegar primeiro. Primeiro a CAD vai precisar ser
incluída, a gente vai ter que rever quais as crenças a professora, a diretora,
o coordenador, a escola têm sobre pessoas dentro do espectro autista pra gente
poder fazer a diferença junto com aquela criança”, asseverou.
A palestra da psicóloga foi a primeira de um ciclo que ocorre nesta sexta-feira (4 de abril), no evento “TJMT Inclusivo – Capacitação e Conscientização em Autismo”, realizado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), por meio da Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Poder Judiciário de Mato Grosso, Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT) e da Escola dos Servidores. A iniciativa conta também com as parcerias da Prefeitura de Cuiabá, da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Assembleia Legislativa, que também transmitiu o evento ao vivo pela TVAL. Todas as palestras podem ser conferidas na íntegra no canal do TJMT no Youtube.
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Celly Silva / Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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