“O papel da autocomposição na pacificação social” inaugura curso da Universidade de Rondonópolis
Com uma economia baseada na
agropecuária, indústria e logística, o município de Rondonópolis (a 214,6 km de
Cuiabá) passará a contar com operadores do Direito qualificados para atender às
demandas regionais. Na noite dessa segunda-feira (14 de abril), a Universidade
Federal de Rondonópolis (UFR) inaugurou o primeiro curso de Direito de uma
instituição pública na região, com a Aula Magna “Educação e Direito: o papel da
autocomposição na pacificação social”, realizada em parceria com o Poder
Judiciário de Mato Grosso.
No evento, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador José Zuquim Nogueira, foi representado pela diretora do Fórum de Rondonópolis, Aline Luciane Ribeiro Viana Quinto Bissoni. A magistrada destacou a importância do ensino público e o papel do Poder Judiciário como agente de transformação social e pacificação.
“Sou oriunda de uma universidade
federal e tenho muito orgulho de participar desse movimento acadêmico em
Rondonópolis. Ter uma universidade federal própria é algo muito valioso para a
nossa cidade. Aproveito para dizer que o Poder Judiciário também está num
momento de muita integração [social] e a nossa presença aqui é um exemplo
disso. Entendo que o lugar da sociedade é dentro do fórum”, comentou.
Motivado pelas demandas judiciais relacionadas ao perfil econômico da cidade, o projeto pedagógico do curso de Direito da UFR conta com disciplinas especializadas destinadas a atividades relacionadas ao agronegócio. Iniciativas inovadoras serviram como base da construção do projeto, que prevê a instalação de um Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ), cuja atuação terá como base o método da autocomposição. O tema foi apresentado pelo juiz Wanderlei José dos Reis, coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Rondonópolis e palestrante da noite.
“É um momento histórico para
Rondonópolis e fiquei lisonjeado de poder participar, contribuindo no âmbito
acadêmico e também institucional, como representante do Poder Judiciário de
Mato Grosso. Trouxe aos acadêmicos uma mensagem de sucesso no curso e
sobre a aplicação da autocomposição. Como futuros operadores do Direito, a
metodologia é um mecanismo eficaz de pacificação social. Por essa razão, é
preciso, desde a faculdade, trabalharmos na mudança da cultura do litígio para
a cultura da pacificação social. Precisamos romper paradigmas sociais”, avaliou
o magistrado, que possui pós-doutorado em direito pela Universidade de Messina
(Itália).
Primeira turma
A primeira turma do curso de Direito da UFR contará com 64 acadêmicos, que refletem a política de diversidade adotada pela instituição. Para o processo seletivo, a UFR abriu edital para preenchimento de vagas afirmativas, sendo duas para indígenas e duas para idosos.
Analy Castilho Polizel de Souza,
reitora da UFR, chamou a atenção para o momento de transformação em que vive a
universidade e a população rondonopolitana.
“O tão aguardado curso de Direito por alunos secundaristas, nesta universidade pública, ocorre de forma inclusiva e plural. Em nosso projeto pedagógico, contamos com a parceria da Justiça de Mato Grosso, que se fará presente no ensino de uma justiça restaurativa, com a solução de conflitos via conciliação ou mediação. Este deverá ser o perfil do nosso futuro Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ), que é uma demanda da sociedade”, disse a reitora.
Para Kelly Faro, diretora da
Faculdade de Ciências Aplicadas e Políticas da Universidade Federal de
Rondonópolis (Facap), que congrega o curso de direito na UFR, reforçou a
presença da sociedade também na construção do projeto de academia.
“Agradeço todo o esforço da sociedade de conseguir esse recurso para manter a universidade pública. É um projeto que vale a pena, a universidade vale a pena porque ela oportuniza a quem não consegue se profissionalizar e ser um profissional de qualidade”, defendeu.
Sociedade
Dentre os futuros operadores do Direito que serão formados pela UFR está Jennifer Borges Medeiros, 21 anos. O interesse da jovem pelo Direito já soma dois anos, período pelo qual foi acadêmica em uma faculdade particular. O anseio por uma educação pública e de qualidade foi celebrado pela jovem, que já definiu seu futuro profissional: ser defensora pública.
“Quando terminei o ensino médio, eu me interessei pelo Direito, mas fiquei um pouco frustrada por não ter na instituição federal. Acabei indo para a particular. Mas agora, com a inauguração desse curso, eu vejo que no futuro poderei realizar o meu sonho, que é atuar em uma área que ajude a comunidade de alguma forma, como faz a Defensoria”, finalizou.
Também prestigiaram o evento as magistradas Maria das Graças Gomes da Costa (Vara Especializada da Infância e Juventude), Maria Mazarelo Farias Pinto (Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher) e o magistrado Rhamice Ibrahim Ali Ahmad Abdallah (1ª Vara Esp. de Família e Sucessões), além de representantes do Executivo e Legislativo.
Priscilla Silva / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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