Mãe e especialista em autismo, Fátima de Kwant destaca importância da conscientização
A especialista em autismo e
comunicação Fátima de Kwant, proferiu palestra, transmitida online da Holanda,
onde reside, sobre os "Caminhos do Espectro". Ela é referência no assunto
e classificou como "fantástica" a iniciativa do Tribunal de Justiça
de Mato Grosso (TJMT) em promover o evento "TJMT Inclusivo – Capacitação e
Conscientização em Autismo", realizado nesta sexta-feira (4 de abril). Fátima
Kwant reforçou a necessidade de ações que ampliem a inclusão de pessoas com
Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A ação destaca o papel do
Judiciário na promoção de políticas inclusivas e no combate às barreiras que
ainda impedem a participação plena de pessoas com autismo na sociedade. “A
conscientização é a base de tudo. Para conseguirmos mais atenção, tratamento,
políticas públicas, precisamos de parceiros como o Poder Judiciário,
verdadeiros agentes transformadores.”, iniciou.
Fátima contou que é mãe de
Edinho, autista, de 28 anos. Ele nasceu
em 1996 e, após 3 anos, a família recebeu o diagnóstico de autismo severo. “Na
época não se falava em níveis. Hoje em dia ele se enquadra no nível 3. Então
passamos por aquilo que muitas famílias passam até hoje: muita insegurança,
muitas dúvidas, além de todos aqueles sonhos que muita gente tira de nós, as
vezes até mesmo os médicos, quando eles não têm essa capacitação em autismo. Eu
ouvi muitos absurdos, como: ele não vai falar, ele não vai para a escola”,
conta.
Ela relata que, desde então,
buscou o fortalecimento para o desenvolvimento possível do filho. Hoje, Edinho
é formado em contabilidade e vive uma vida totalmente independente.
Fátima detalha que a família
é a primeira comunidade da criança com Transtorno do Espectro Autista. Em seguida,
a escola. Com profissionais capacitados, as crianças não ficam apenas sentadas,
mas realmente aprendem. Em terceiro lugar, ela destaca a importância dos
terapeutas. “Os autistas não estagnam, eles amadurecem. Com a ajuda da família,
da escola e da terapia, o processo vai além”.
A especialista falou sobre a
diferença entre os três níveis do TEA. “O autismo nível um, que parece fácil,
mas não é, a criança aprende, é inteligente, a criança fala, então qual é o
problema dela ficar em sala de aula? Com um pouquinho mais de barulho? Não! O
processamento sensorial é algo muito diferenciado e tem um peso enorme no
desenvolvimento dessas pessoas. Essas crianças, mesmo com nível um de suporte,
precisam de pouco suporte, elas necessitam de adaptação”, disse.
Segundo ela, a inclusão não
é um favor, mas sim um direito. “Quando a pessoa autista é ‘chamada para
danças’, ela sempre surpreende. É sempre um grande prazer incluir as pessoas autistas,
as pessoas diferentes”.
Fátima de Kwant
Jornalista, escritora e especialista
em Autismo e Comunicação, além de Autismo e Desenvolvimento, a autora é também
coach de autistas adultos, coach de famílias atípicas, mentora e “life coach”.
É ativista da causa do autismo e graduada em Comunicação Social, Letras e
Literatura Espanhola. Fala e escreve fluentemente em cinco idiomas, mas
considera que sua linguagem mais poderosa é a do afeto.
Com 63 anos, carrega uma
jornada de estudos e títulos, mas afirma que o mais importante de todos é o de
ser mãe. Mãe “normal” e mãe diferente. Mãe que se reinventou ao lado do filho
Edinho, de 28 anos, com quem segue aprendendo todos os dias sobre paciência,
desenvolvimento e amor incondicional.
Defensora do protagonismo
das famílias no cuidado com pessoas autistas, acredita que pais e mães são, muitas
vezes, os milagres que tanto pedem para seus filhos. Seu maior legado? Ter
filhos que se tornaram adultos de bom coração — e uma neta que a faz reviver,
diariamente, o sentido de ser mãe de novo.
O evento realizado pelo Tribunal de Justiça, por meio da Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Poder Judiciário de Mato Grosso, ocorre no mês dedicado à conscientização sobre o TEA, no Cenarium Rural, em Cuiabá, e reúne instituições parceiras, como a Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT), Escola dos Servidores, Prefeitura de Cuiabá e Assembleia Legislativa.
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Flávia Borges
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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