Casamento social oficializa união de casais durante Ribeirinho Cidadão em Salto do Céu
Quinze casais protagonizaram momentos de emoção nesta segunda-feira (14 de abril), ao trocarem votos e alianças durante cerimônia de casamento coletivo realizada em Salto do Céu (293 km de Cuiabá). A celebração, fruto da colaboração entre a Justiça Comunitária do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e a Defensoria Pública Estadual, contou também com o apoio da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ-TJMT), do Cartório de Paz e Notas de Salto do Céu e da Prefeitura Municipal. Prestigiaram a celebração autoridades dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo da região.
A ação em Salto do Céu, seguindo a passagem bem-sucedida do projeto Ribeirinho Cidadão na região, reforça o lema da atual gestão do TJMT “Justiça Presente, Cidadania Preservada”, ao levar o Poder Judiciário para além das atividades judiciais tradicionais. A cerimônia foi realizada para convidados e familiares.
A realização do casamento social envolveu a manifestação do Ministério Público, do juiz local e do cartório, garantindo a legalidade do ato sem custos para os participantes.
O evento foi realizado por solicitação da secretária de Assistência Social e primeira-dama do município, Euci Alves da Silva Espíndola, ao juiz coordenador do projeto Ribeirinho Cidadão, José Antônio Bezerra Filho, que prontamente atendeu o pedido.
“Há mais de 20 anos não tínhamos casamento social na cidade e sempre recebíamos pedidos. Conforme a demanda foi aumentando, decidi solicitar ao dr. José Antônio, e ele nos atendeu de imediato”, contou a secretária municipal.
O magistrado explicou que a oficialização do casamento é importante para todos os aspectos da vida civil. “Evita judicialização futura de ação declaratória de união estável, facilita ações de Direito da Família envolvendo guarda, visita, alimentos e facilita o inventário, quando ocorre a morte de um dos cônjuges. Tudo isso se reflete através do ato do casamento. Aqui, seguimos todos os ritos do seu procedimento, que envolveu a manifestação do Ministério Público, do juiz local e do cartório, garantindo a legalidade do ato sem custos para os participantes”, disse, lembrando que na ocasião seria o juiz convidado e quem trabalharia seria o juiz de Paz.
Isaias Ferreira, o juiz de Paz, estava na expectativa da realização de tantos casamentos ao mesmo tempo, já que atua há nove anos em Salto do Céu, mas sempre realizou casamentos com um casal de cada vez.
Além do prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e do juiz coordenador da Justiça Comunitária, a defensora pública de Mato Grosso, Maria Luziane Ribeiro de Castro; a juíza da Comarca de Rio Branco, Luciana Sittinieri Leon; o promotor de Justiça, Leandro Turmina, participaram da cerimônia.
Histórias de amores maduros
Todos os casais que participaram do casamento social coletivo já convivem há anos e a maioria tem filhos juntos. A oportunidade de oficializar a união sem custas e sem a burocracia do cartório foi o principal incentivo, conforme disseram.
Vinícius de Moraes escreveu que “a vida é cheia de encontros, embora haja tantos desencontros pela vida”. Foi nisso que esta repórter pensou ao ouvir a história de amor vivida por João Câmara Filho, 68, e Luciene de Souza Pereira, 66 anos.
Ela vive em Salto do Céu há dois meses e veio acompanhar o tratamento de saúde do namorado, agora marido. Após quase quatro anos de namoro virtual, por WhatsApp e vídeo chamadas, em dezembro de 2024, ele foi visitá-la em Minas Gerais. Em fevereiro, ela decidiu deixar sua casa e mudou-se para viver com ele. Decidiram se casar assim que a filha dele propôs que oficializassem a união no casamento social, organizado pela prefeitura.
“A filha dele ficou sabendo do casamento, nós concordamos em casar e ela fez a parte da documentação, por ser mais rápido para acertar nossa situação. E estamos muito felizes”, afirmou Luciene.
Amor renascido
A história deles começou há mais de 50 anos, quando ela tinha 14 e ele 16, e eram vizinhos em Conceição de Ipanema (MG), onde ambos nasceram. A família dela foi embora para São Paulo e ele veio para Salto do Céu. A vida seguiu. Se casaram, constituíram família, tiveram filhos. Ela teve três filhos, dois ainda vivos, que moram em São Paulo, e lhes deram cinco netas. Ele teve cinco filhos, dois moradores de Salto do Céu, e nove netos. Ela se divorciou depois de 36 anos de casada. Ele ficou viúvo há quatro anos, quando sua primeira esposa faleceu de Covid-19, durante a pandemia.
Assim, seguiam a vida, até que um reencontro pelo Facebook conspirou a favor dos namoradinhos de adolescência. O irmão de Luciene encontrou João na rede social e colocou os dois em contato.
“Conversamos por quase quatro anos, por WhatsApp e videochamada. Em setembro, ele foi me visitar pela primeira vez, em Minas Gerais. E tudo veio a renascer. Deixei tudo por ele, tudo por amor. Ele me enviou mensagem dizendo que estava com a saúde um pouco debilitada e que entenderia se eu não viesse. Estou aqui desde o dia 22 de fevereiro”, disse ela.
Joadson de Souza Câmara é o filho mais velho do noivo, tem 48 anos. Ele disse que, apesar do ciúme que sentiu por conta da mãe, está muito feliz por João ter encontrado uma companheira.
“O tempo passa muito rápido e ainda não nos acostumamos sem nossa mãe. Aí, chega uma pessoa estranha e lógico que a gente fica com um pouco de ciúme. Mas para ele é ótimo, temos que apoiar. Ficamos muito felizes por ele ter encontrado uma pessoa. Queremos que a saúde melhore e ele viva bem com sua parceira”, ponderou o filho.
A dona de casa Cleide Ferreira Dias e o Divino Marcelo de Oliveira resolveram documentar o relacionamento que já dura 11 anos e viram no Projeto Ribeirinho Cidadão a oportunidade para isso.
“Quando fiquei sabendo do casamento comunitário, falei que era dessa vez que eu me casaria, senão ele iria me enrolar mais 11 anos”, contou ela, apontando para o marido que sorriu e concordou.
Os dois se conheceram em Salto do Céu e, em pouco mais de três meses, foram morar juntos, “porque não dá pra perder tempo”. Ele falou que foi amor à primeira vista, porque mudou-se de Rio Branco para Salto do Céu para ficar com ela. Ambos tiveram filhos de relacionamento anterior e viram no casamento do Ribeirinho Cidadão a oportunidade de formalizar a união e economizar nas custas e na festa.
“Estava tudo maravilhoso. Se fosse fazer um casamento particular, ia sair muito caro. Sem eu ter que pagar, minha conta já saiu alta com vestido e salão de beleza. Isso aqui foi uma bênção”, afirmou a recém-casada.
Outro casal que aproveitou a oportunidade para regularizar a situação matrimonial foi Ana Paula Rodrigues Rosa Bento, 41, e Roailson Rosa da Silva, 42 anos. A ideia do casamento já havia sido cogitada, mas, por situações adversas, o momento sempre era adiado.
“Quando a Euci anunciou que fariam o casamento social, demos os nomes e deu certo. Queríamos muito e tudo foi perfeito. Muito bem organizado, pessoal atencioso. Se fosse para casarmos, não faríamos festa.
Eles se conheceram em 2007, durante uma festa tradicional em Cuverlandia. Depois de quatro encontros, duas visitas para conhecer as famílias, decidiram morar juntos. Ela se mudou para o distrito de Caramujo, em Cáceres, onde ele trabalhava como vaqueiro. Moraram lá alguns anos e decidiram vir para Salto do Céu.
Eles têm um casal de filhos adolescentes, uma moça de 16 e um menino de 13 anos. A filha, Larissa Rodrigues Rosa, contou que ficou muito feliz quando os pais decidiram oficializar o casamento de 18 anos. “Estava maravilhoso. Eles estão há muito tempo juntos e estava passando da hora de se casarem. Para a questão da igreja, da bênção, é preciso ser casado. É uma sensação muito boa, é muito gratificante vê-los felizes e que eles continuem felizes para sempre.”
Marcia Marafon / Foto: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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