Audiência Pública: painel discute como romper barreiras à inovação no Judiciário
“Desafios da inovação no Poder
Judiciário” foi o tema do primeiro painel da audiência pública “Impacto da
transformação digital no Poder Judiciário”, realizada nesta segunda-feira (14
de abril), na sede do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), em Cuiabá.
Para o palestrante e desembargador do
TJMT, Luiz Octávio Saboia Ribeiro, um dos principais obstáculos enfrentados
pelo Judiciário na implementação de inovações é o medo de errar. “Especialmente
considerando que as administrações nos tribunais têm apenas dois anos para
realizar mudanças significativas. Por isso, a importância de uma abordagem
ágil, onde erros são vistos como parte do processo de inovação”, afirmou.
Ele complementa que, para que a
inovação aconteça, são necessários três pontos: um patrocinador forte; a
coragem de errar – reconhecendo que o erro é inerente à inovação –; e pensar
sempre no usuário, seja ele cidadão, servidor ou magistrado. “Assim, as
inovações tendem a surgir”, concluiu Saboia.
Um dos questionamentos levantados pelo
desembargador foi se a aplicação do conhecimento jurídico tradicional seria
suficiente para reverter o cenário apresentado pelo último relatório “Justiça em
Números”, do Conselho Nacional de Justiça, que apontou mais de 83 milhões de
processos pendentes no Brasil.
Ele lembrou que a pandemia de 2020
forçou o Judiciário a se reinventar, acelerando a digitalização dos processos e
a criação de novas ferramentas de gestão. “A tecnologia foi incorporada, mas a
lógica processual permaneceu. Afinal, a digitalização foi aplicada a fluxos que
não foram redesenhados”, pontuou. No entanto, alertou que é crucial romper com
as estruturas analógicas que ainda persistem.
Saboia também destacou o papel do
magistrado na inovação. Para ele, os juízes precisam ser designers
institucionais. “Ou seja, desenvolver, dentro da própria unidade, como
determinada atividade vai fluir de maneira mais assertiva para a realidade
local”, explicou.
Ainda no painel, o juiz auxiliar do
Supremo Tribunal Federal (STF), Anderson de Paiva Gabriel, provocou reflexões
sobre a capacidade humana de criar, dominar e empregar ferramentas, além da
importância do acesso ao conhecimento. Ele destacou a Lei 14.129, que visa
aumentar a eficiência pública por meio da transformação digital, e mencionou
que, até fevereiro de 2025, 71% dos serviços públicos já operam nesse novo
formato. “Não é só o Judiciário que busca a transformação digital”, ressaltou.
Ele também pontuou a importância da
colaboração entre tribunais para evitar a duplicação de esforços e recursos.
Por meio do Programa de Desenvolvimento de Justiça (PDPJ), soluções
desenvolvidas por um tribunal podem ser compartilhadas com outros, promovendo
inovação de forma mais rápida e econômica.
Anderson destacou ainda o papel da
inteligência artificial (IA). Segundo ele, embora a IA tenha o potencial de
transformar o Judiciário, sua implementação deve ser feita com cautela. “A
regulamentação é essencial para mitigar riscos e garantir a transparência e a
proteção de dados”, afirmou.
Por fim, o palestrante reforçou que,
apesar das inovações tecnológicas, a empatia e a capacidade humana de se
colocar no lugar do outro continuam sendo insubstituíveis. “Hoje foi um passo
importante para refletirmos sobre o futuro do Judiciário em um mundo cada vez
mais digital”, finalizou.
Audiência pública – O evento é promovido pela
Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso, em parceria com o Laboratório de
Inovação (InovaJusMT) e com a Escola dos Servidores, no formato híbrido:
presencialmente no Espaço Justiça e Arte Desembargador Gervásio Leite, na sede
do TJMT, e com transmissão ao vivo pela plataforma Microsoft Teams e pelo canal
oficial do TJMT no YouTube.
Transformação digital: Audiência Pública da Corregedoria atrai mais de 1000 participantes.
Larissa Klein / Foto: Lucas Figueiredo
Assessoria de Comunicação da CGJ-TJMT
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