Poder Judiciário e FALM concluem mais uma etapa do Programa de Formação em Justiça Restaurativa
A
Fundação André e Lucia Maggi (FALM) concluiu na quarta-feira (19 de março) os
Módulos II e III do Programa de Formação em Justiça Restaurativa e Círculos de
Construção de Paz, desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, por
meio do Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur), em parceria com os
municípios, entidades e organizações sociais.
Com a assinatura do Termo de Cooperação Técnica 001/2025, FALM e Poder Judiciário formalizam o ‘Programa Justiça Restaurativa para Organizações Sociais’, unindo forças enquanto política pública para a expansão das práticas restaurativas e o atendimento a espaços coletivos de produção e articulação social, como organizações da sociedade civil (OSCs), movimentos coletivos e espaços de resistência.
A articulação entre o Poder Judiciário e as organizações ficará a cargo da FALM, que terá como foco o atendimento aos parceiros já integrados aos trabalhos sociais realizados pela fundação.
A Fundação André e Lucia Maggi é uma instituição sem finalidade econômica, responsável pela gestão do investimento social privado da AMAGGI, e que atua como uma articuladora para o incentivo de políticas públicas relacionadas à garantia de direitos e ao desenvolvimento humano. Movimentos como o Coletivo de Mulheres Essência, o Coletivo Mães pela Diversidade, o Coletivo Mulheres Arteiras, a Associação Madre Tereza de Calcutá – CENPRHE, os Empreendedores Criativos de Mato Grosso, o Centro Cultural Casarão das Artes e a Associação de Mulheres dos Bairros Novo Paraíso I e II Maria Neves dos Santos são alguns dos projetos atendidos e impulsionados pela fundação, e que agora recebem a parceria do Poder Judiciário de Mato Grosso com a formação em Justiça Restaurativa e Círculos de Paz.
Antonina Cajango de Oliveira, 62, faz parte do Grupo Mulheres Arteiras de Várzea Grande, criado a partir da necessidade de um grupo de mulheres que compreenderam a importância de se apoiarem para se fortalecerem juntas. Apesar da formação em Pedagogia, ela conta que foi o curso de Design de Modas e a especialização em Arte Visual, Cultura e Criação que garantiram a conexão com as Mulheres Arteiras.
Mas foi mesmo durante os encontros coletivos para a produção e confecção de artesanato que as mulheres começaram a perceber que a troca de experiência e até mesmo o desabafo sobre situações vividas no dia a dia tinham o poder de acalmar sentimentos e abrir caminho para reflexões que sozinhas talvez não conseguissem. Mas o que elas não sabiam é que, de maneira intuitiva, elas já faziam círculos de paz.
“Os círculos são revolucionários exatamente porque não ficam restritos ao Poder Judiciário. Por exemplo, é uma metodologia que pode ser traduzida para todos os espaços onde a gente se encontra, na família, nas comunidades, nos grupos, nas associações, e outro ponto muito importante, antes do círculo transformar o meio, ele transforma primeiro você, o facilitador é o primeiro a ser tocado pela metodologia, é o primeiro a ser despertado, é o primeiro a abrir os olhos”, explicou Antonina, que também atua na coordenação de projetos socioculturais na Associação das Manifestações Folclóricas de Mato Grosso (AMFMT).
Analista de Projetos Sociais na Fundação André e Lucia Maggi, Lupita de Amorim Novais Silva, 26, integra a frente de Fortalecimento de Organizações, Movimentos e Coletivos. Para ela, espaços seguros de diálogo e acolhimento, como são os círculos de paz, têm o poder de estabelecer vínculos reais e verdadeiramente fortes junto às organizações, reverberando em resultados ainda melhores.
“Acredito que o curso cumpriu seu objetivo, nos trazendo a oportunidade de vivenciar a experiência do círculo e aprender na prática como iremos realizá-los posteriormente, tiramos dúvidas sobre aplicação e sobre como o processo se dá, mas para além disso, tivemos a oportunidade de experienciar a potência do círculo enquanto ferramenta socioemocional de cuidado, acolhimento e transformação de realidades. Penso que a metodologia poderá nos auxiliar a estabelecer vínculos mais acolhedores junto às organizações que desenvolvemos ações em conjunto e também difundir os ensinamentos aprendidos durante o curso em Justiça Restaurativa”, avaliou Lupita.
Heloísa Helena de Faria Torres, 40, atua há 10 anos como supervisora socioambiental da Amaggi, responsável pela Gestão Socioambiental e Direitos Humanos, incluindo o relacionamento com as comunidades locais. Segundo ela, o cuidado com as relações, sejam internas entre os colaboradores ou externas com a comunidade, recebe com a chegada dos círculos um novo modelo de relação interpessoal.
“Os círculos de construção de paz serão uma ferramenta valiosa dentro do grupo, e de maneira especial para os programas desenvolvidos em comunidade, que buscam fortalecer o engajamento, fomentando a transparência das relações e promovendo o diálogo aberto. Além disso, os círculos serão extremamente úteis no ambiente empresarial, trazendo como benefícios a melhoria da comunicação interna, com a redução de mal-entendidos e promoção de uma cultura de transparência e confiança, aumento da empatia, do bem-estar, do desenvolvimento de habilidades de liderança e na criação de espaços mais inclusivos”, frisou Heloísa.
Naiara Martins
Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa – NugJur
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