Centro de Atendimento do Judiciário amplia perspectiva de renda de vítimas de violência doméstica
Com o propósito de auxiliar mulheres vítimas de violência doméstica a
terem autonomia financeira, o Centro Especializado de Atendimento às Vítimas de
Crimes e Atos Infracionais de Cuiabá (Ceav) realizou nessa quinta-feira (23 de
janeiro) o curso de Tranças. A capacitação é parte do projeto “Empodera
Mulher”, que realiza atividades em prol da autoestima e autoconfiança de
vítimas e familiares que passaram por experiências traumáticas no ambiente
doméstico.
Cláudia é uma mulher de 38 anos, que há quase dois anos busca se
recuperar da violência cometida por seu ex-marido. “O agressor ofende com
palavras que deixam a gente com a autoestima baixa, é como estar morta. Nessa
vida, eu me culpei muito, porque meu filho nasceu com autismo, porque sofri
muito na gestação e, assim como eu, nem todo mundo tem o acolhimento
necessário”, desabafa.
Sem ter uma fonte de renda fixa e uma rede de apoio sólida, ela conheceu
o Ceav Cuiabá em um dia de audiência no Fórum de Cuiabá. No espaço, ela conta
com apoio psicológico e solidário das profissionais. Atenta às instruções
da trancista Alice Assis, consultora do curso de tranças, Cláudia espera que
com a nova habilidade terá uma fonte de renda, sem se ausentar dos cuidados multidisciplinares
do filho.
“O curso tem certificado e eu quero ser vista. Por estarmos na condição
de vítimas fomos muito oprimidas. Eu falo que quando o que o Ceav está
oferecendo pra gente não é só um curso, mas sim, a motivação para a gente se
erguer e ver que existe vida. Quando achei que não ia sobreviver e tinha
desistido, eu me levantei com a ajuda dos profissionais da Justiça”, recorda
Cláudia.
Provedora do lar
Mãe de duas crianças e uma adolescente, Thaís vive o desafio de suprir
as necessidades financeira, afetiva e educacional dos filhos. “Cheguei a pedir
ajuda da juíza para fazer com que ele me ajudasse com as crianças porque estava
pesado para mim: era serviço, colégio, tudo sozinha. Mesmo assim, ele disse que
não podia ajudar porque não tinha casa para morar. Foi então que a juíza me
encaminhou para o Ceav”, conta.
Sem contar com o apoio do ex-marido, autor das agressões, ela viu no
curso de tranças uma oportunidade para seguir uma nova carreira. “Hoje trabalho
em uma empresa do agro. Sou a única mulher da equipe e faço trabalho braçal.
Trabalhei no turno da madrugada, mas tive que mudar por perceber o quanto
estava deixando eles de lado. Apesar de mudar o turno, ainda não consigo ficar
próxima deles. Além disso, com 42 anos, sinto que não tenho mais energia para
fazer o que faço hoje. Agora, com o curso de tranças, vejo que posso investir
nisso e trabalhar de casa e ficar mais perto das crianças”, avalia Thaís.
Empodera Mulheres
O Projeto ‘Empodera Mulheres’ visa à autonomia, autoestima e estímulo
para a renda de mulheres vítimas de violência doméstica. Além de capacitações
como o curso de tranças, por meio dele são ofertadas oficinas de elaboração de
currículo, cursos de preparação para entrevista de emprego, feiras gastronômicas
para fomento das habilidades das assistidas, dentre outras oportunidades.
“São mulheres que chegam aqui sem perspectiva, muitas vezes dependentes
financeiramente do agressor. Então, o principal objetivo é resgatar a
autoestima dessas mulheres, para que elas percebam que são capazes de fazer
algo por elas, tenham uma profissão ou possam até empreender”, destaca Barbara
Santana da Silva, psicóloga do Ceav Cuiabá.
Para que as ações de resgate dessas mulheres aconteçam, o Ceav conta com
a ajuda de parceiros como o Projeto VG + Ação, que contribuiu voluntariamente
na capacitação de trancista.
Criado em 2017, o projeto atende mais de 600 famílias carentes do Bairro
Água Vermelha, em Várzea Grande. A iniciativa, mantida por profissionais
voluntários, permite que a população tenha acesso a atendimentos oftalmológico,
psicológico, clínica geral, além de realizar entrega de verduras. No espaço,
também são realizadas capacitações como de tranças, esmaltaria, design de
sobrancelhas dentre outras. Tudo gratuitamente.
“A nossa parceria com o Ceav é justamente trazer nossos voluntários para
fazer a capacitação dessas mulheres, que muitas vezes não conseguem ter acesso
a cursos profissionalizantes para que elas possam empreender e tenham sua
própria fonte de renda”, explica Laudenilso Ferreira da Silva, auxiliar e
voluntário do projeto VG + Ação.
Como ser Parceiro
Para ampliar as oportunidades de desenvolvimento profissional das
mulheres vítimas de violência doméstica, parcerias são fundamentais. Interessados
podem entrar em contato com os canais de comunicação do Ceav, indicados abaixo:
Contatos do Ceav
Cuiabá
Telefone: 65 3648-6898
Whatsapp: 65 9 99247-1462
E-mail:
cba.centroespvitimas@tjmt.jus.br
Endereço (Fórum de Cuiabá – MT | Av.
Milton Figueiredo Ferreira Mendes, s/nº
Centro Político e Administrativo)
Várzea Grande
Telefone e Whatsapp: 65 3688-8404
E-mail: vgf.cav@tjmt.jus.br
Endereço (Fórum de Várzea Grande –
MT| Av. Chapéu do Sol – Guarita II, Várzea Grande).
Priscilla Silva / Foto: Michel Rigotti
Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br






20/01/2025 11:39
Centro de acolhimento do TJMT zela pela integridade emocional de vítimas de violência
12/12/2024 13:27
Centro de Atendimento às Vítimas cria ambiente seguro para mulheres terem acesso à renda
27/12/2024 16:08
Mais de 11 mil pessoas foram acolhidas nos Centros de Atendimento do Poder Judiciário